Em 1996, o Flamengo sonhava alto. Após repatriar Romário, o então melhor jogador do mundo, o clube carioca buscou a cereja do bolo: Bebeto, seu parceiro de sucesso na Seleção Brasileira que conquistou o tetracampeonato mundial em 1994. Juntos, Romário e Bebeto formavam uma dupla imbatível na amarelinha, com um retrospecto invejável: 23 jogos, 17 vitórias, seis empates e 33 gols. A ideia era simples, mas ambiciosa: recriar o ‘melhor ataque do mundo’, agora com a dupla rubro-negra. Romário, em entrevista ao jornal O Globo, expressou seu entusiasmo com a chegada de Bebeto, destacando que o ambiente mais tranquilo contrastava com a situação conturbada vivida com Edmundo. A contratação de Bebeto foi uma novela que só terminou em julho, e a chegada do craque ao Flamengo deixou o técnico Joel Santana empolgado, comparando o ataque rubro-negro ao do Barcelona. No entanto, o ‘melhor ataque do mundo 2.0’, ou ‘ataque dos sonhos’, como foi chamado pela imprensa, teve vida curta. A dupla só jogou junta oficialmente uma única vez, em uma partida contra o Corinthians em Manaus, que terminou em 2 a 2, com dois gols de Romário. Bebeto, após o jogo, se mostrou animado com a parceria, comparando-a às suas experiências anteriores com Romário na Seleção. O sonho, porém, se desfez rapidamente. Uma proposta irrecusável do Valencia tirou Romário do Flamengo em julho, com um salário milionário de US$ 8 milhões por três anos. Apesar do retorno de Romário em outubro, lesões atrapalharam a formação do ataque ideal: primeiro, Sávio se recuperou de uma cirurgia no joelho; depois, Romário se lesionou na própria reestreia e ficou fora por quase um mês. Em novembro, diante de chances remotas de classificação para a fase final do Brasileirão, o Flamengo aceitou uma proposta do Sevilla por Romário. Assim, a única partida oficial de Romário e Bebeto com a camisa rubro-negra ocorreu em 27 de outubro de 1996, contra o Internacional no Maracanã, pela 17ª rodada do Brasileirão. Romário, recém-chegado do Valencia, mal teve tempo de treinar. Apesar de um gol inicial do Flamengo, com assistência de Bebeto, o jovem Fabiano, do Inter, virou o jogo nos minutos finais. Fabiano, em entrevista ao ge, relembrou a partida com humor, afirmando: “Quem foi ver Romário viu o Fabiano”. A lesão de Romário aos 40 minutos de jogo também marcou a curta duração da parceria em campo. Cinco anos mais tarde, Romário e Bebeto se reencontraram, desta vez no Vasco da Gama, mas sem o mesmo sucesso. Após o fim de suas carreiras, ambos trabalharam juntos novamente no América-RJ em 2010, e apesar de passarem por desavenças políticas, acabaram fazendo as pazes. A história da dupla no Flamengo, embora breve, permanece como um capítulo inesquecível, marcado pela promessa de um ataque estelar que o destino não permitiu que se concretizasse plenamente.